Caso Marielle: delação de Queiroz traz à tona lacunas na investigação do crime ao longo de cinco anos




Imagens de câmeras de segurança que captassem o momento da fuga após a execução, por exemplo, não foram preservadas; indícios de envolvimento de réus com a milícia e ligações entre suspeitos também não foram considerados à época do crime


Essas informações vieram à tona na delação de Queiroz, que a Polícia Civil fluminense destaca, em nota, ter sido feita por um dos investigados presos pela corporação. Nos dias seguintes ao crime, agentes não coletaram imagens de câmeras de segurança de prédios no entorno do local do duplo homicídio.                     


Como no inquérito não havia imagens que mostrassem a fuga dos assassinos, ao assumirem o caso, 


os investigadores da PF, então, entraram em contato, com o Centro de Convenções Sul-américa, a poucos metros do local das mortes, para saber se alguma gravação que esclarecesse o caminho dos matadores havia ficado armazenada. 


Antes, uma testemunha havia afirmado à Polícia Civil que o carro dos assassinos tinha passado em frente ao local. 


Agora, à PF, um representante do empreendimento alegou, por e-mail, que não tinha mais as imagens e que não houve um pedido para que elas fossem preservadas.

            


“O vigilante local recebeu um policial civil na época, o mesmo portava somente sua documentação funcional e veio em uma viatura caracterizada da Civil. Não nos foi passada nenhuma documentação formal de pedido de gravação. 

O policial seguiu até a sala de monitoramento e pediu para fotografar com seu próprio celular um de nossos monitores”, respondeu o representante do Sul-américa



Após relatórios, não foram aprofundadas as investigações sobre a participação de acusados na milícia de Rocha Miranda e supostos crimes cometidos pela quadrilha.



Cinco anos depois, a partir da delação de Queiroz, a PF retomou a apuração sobre a atuação de milícias, no local.



Carro usado no assassinato da vereadora foi destruído em desmanche

                   


O sumiço do veículo usado no crime é mais uma lacuna. 


Várias Ligações foram realizadas para o proprietário de um ferro-velho apontado por Queiroz como responsável, mas os agentes, na época, não procuraram identificar os suspeitos.


        

            



 A delação de um dos envolvidos  acrescentou novos e relevantes dados da execução, representando mais um importante passo para se chegar ao mandante e à motivação do crime”. 


A secretaria disse ainda que “as investigações da Polícia Civil são acompanhadas pelo Ministério Público, que atua em conjunto com a autoridade policial e requisita diligências consideradas imprescindíveis para formação de seu convencimento e formalização de acusação perante a Justiça”.


O Ministério Público do RJ afirma que os questionamentos devem ser direcionados à Civil e acrescentou que as investigações, no âmbito do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), tramitam sob sigilo.